Sobre o Amado
Acabamos de completar vinte e seis anos de estrada no último mês de novembro. Desde 1996, quando Alan Pires (em memória) e Priscilla Ribeiro - que agora ao lado de Marília Grampa assumiram o nosso Galpão - sempre foram dois estudantes apaixonados por teatro, Alan e Priscilla decidiram montar sua primeira peça de teatro ainda na escola, em seguida apresentarem mais três espetáculos no Teatro Alfredo Mesquita na Av. Santos Dumont, 1770 em Santana (São Paulo) com uma passagem cheia de significados para o grupo. E felizmente não pararam mais, foram vários os espaços e muitas histórias que colecionamos em cada um desses palcos tão especiais. Da sala com piso emborrachado de bolinhas pretas dentro da faculdade UniSant’anna - onde reuníamos todo sábado mais de cinquenta oficineiros, até a sala Linneu Dias e o Teatro Plínio Marcos dentro do Shopping Pompéia Nobre na Rua Clélia, 33.
Do sonho breve e o mais intenso de um ano de Espaço Amadododito na rua Correa Dias - que nos deixou muitas dívidas e aprendizados, ao teatro Bella, à nossa Fábrica de Artes na rua Aimberê e finalmente até nos firmarmos enquanto Galpão Amado na rua Javaés, no bairro do Bom Retiro. Muitas dessas mudanças, foram por conta da especulação imobiliária, mas, além disso, tínhamos o desejo de estar num bairro onde pudéssemos trabalhar com um público que nos interessa. Embora nossa penúltima sede fosse próxima ao metrô, atraindo pessoas de diversos bairros e um público fiel, o público do entorno preferia ir ao teatro luxuoso que ficava dentro do shopping Center, a conhecer um teatro de grupo. Já no Bom Retiro, no início o Galpão Amado era utilizado apenas para guardar nossos cenários, figurinos e adereços. Como não tínhamos uma estrutura adequada e nem condições de melhorar o espaço
Fizemos uma parceria com a Faculdade Impacta do bairro, realizamos oficinas e espetáculos no Teatro Gil Vicente dentro da faculdade. No mesmo ano em que nos mudamos fomos contemplados com o Edital de espaços independentes e conseguimos adequar o espaço. Com o Galpão de cara nova começamos a abrir para a comunidade, realizando saraus, oficinas, rodas de conversa e espetáculos de outras companhias. Quando estávamos enfim criando uma relação com os moradores e comerciantes do bairro e despertando o interesse e a curiosidade de participarem das nossas oficinas, veio a pandemia. Sabemos da importância de construir valores, vínculos e estabelecer um diálogo artístico do grupo com o território, por isso a importância de nos mantermos vivos neste lugar que escolhemos para trilhar nossos passos.
Alan Pires de Carvalho
Eterno Diretor e Fundador
da Amadododito Cia. Teatral